Os alunos do 7º ano do Fundamental II da EGV tiveram uma experiência inesquecível com o Estudo do Meio. Do dia 23 ao dia 26 de abril, os alunos da EGV visitaram o Saco do Mamanguá, localizado em Paraty, no Rio de Janeiro. O local é conhecido por ser o único fiorde tropical do mundo – formação em que as águas do mar entram por um vale cercado pelas montanhas cobertas pelas florestas da Mata Atlântica. Durante os quatro dias, os alunos investigaram a Mata Atlântica e seus ecossistemas, conheceram de perto os seres vivos e suas adaptações, além de conviver com a comunidade caiçara para aprender sobre sua história e seus costumes. Confira todas as fotos do Estudo do Meio clicando aqui.
No primeiro dia da viagem, os alunos estiveram no Quilombo do Campinho, em Paraty Mirim. O Quilombo do Campinho foi a primeira comunidade quilombola do Estado do Rio de Janeiro a ter suas terras tituladas. Uma característica especial deste Quilombo é que é gerenciado por mulheres.
“Os alunos aprenderam sobre os quilombos nas aulas de geografia antes da viagem”, comenta o professor José Enrique Rossi, coordenador do Fundamental II, “Mas nem todas as dúvidas foram tiradas por uma questão estratégica: eles deveriam conversar com os membros da comunidade para conhecer sua história e, assim, completar o que aprenderam em sala de aula”, enfatiza José Enrique.
Logo depois da visita ao Quilombo do Campinho, os alunos tiveram que enfrentar seu primeiro desafio rumo ao Saco do Mamanguá. “O ônibus de viagem não entra no trecho onde se tomam os barcos para chegar até as casas onde os alunos ficariam hospedados”, conta o coordenador. Por isso, em certo ponto, os alunos tiveram que carregar toda a bagagem e os mantimentos atravessando pela água.
“Os alunos foram preparados nas aulas de Educação Física para fazer esse trajeto: formaram uma fila indiana e cada um foi passando para frente as mochilas e os mantimentos que trouxeram, tomando cuidado para que nada caísse na água até chegar aos barcos”. Após alguns minutos de viagem de barco, o desafio se repetiu: os 30 metros restantes até a costa deveriam ser feitos da mesma forma que chegaram, dependendo da maré.
“A ideia era que os alunos criassem o senso de responsabilidade, de se preocupar não apenas com sua própria bagagem, mas também com as dos colegas”, explica José Enrique. “Eles sabiam que se a mochila do colega caísse na água, a situação ficaria complicada. Além disso, havia a questão da maré, que poderia mudar se demorassem muito neste trabalho. Por isso deveriam ser rápidos e cuidadosos”.
Ao chegar, mais um desafio: a ausência de energia elétrica. “Há aquecimento a gás, mas não há rede elétrica nas casas onde se hospedaram. Ou seja, os alunos tiveram que deixar de lado a internet, as redes sociais, os joguinhos nos celulares, os aparelhos eletrônicos…”, conta o coordenador. “Além disso, a estadia foi muito diferente de uma hospedagem em um hotel. Apesar de seguras e muito bonitas, algumas casas mal tinham paredes. Os cômodos eram separados apenas por uma cortina. Foi algo totalmente novo para os alunos”.
No segundo dia de viagem, os alunos tiveram mais um desafio. Guiados por uma especialista em escalada, a turma trilhou e escalou até o mirante do Pão de Açúcar. “Havia uma subida difícil que alguns alunos tiveram mais dificuldades em fazer. Neste momento, os demais tiveram que desacelerar seu passo e ir no ritmo de seus colegas. Foi um outro importante aprendizado a eles: compreender que nem todo mundo resolve as mesmas questões com a mesma agilidade e habilidade. E respeitar os limites de cada colega”.
Voltando do passeio, os alunos participaram das oficinas dadas pela comunidade de pescadores, artesãos e guias locais do Saco do Mamanguá. A turma aprendeu a costurar uma rede de pesca, a fazer artesanato em caixeta e a pescar.
No terceiro dia, eles se dividiram para explorar a Mata Atlântica e o manguezal. “No caminho da Mata Atlântica, os alunos fizeram a observação da intervenção humana, discriminando os plantios feitos pelos índios e aqueles feitos pelos caiçaras”, explica o coordenador. “A turma que percorreu os mangues observou tanto os seres vivos como a vegetação do ambiente. As turmas se encontraram em uma cachoeira, lancharam e voltaram trocando os trajetos: quem foi pela Mata Atlântica voltou pelo mangue e vice-versa”.
Depois de tanto trabalho, os alunos finalmente puderam voltar para aproveitar a praia e fazer brincadeiras noturnas. “Fizeram uma fogueira e conversaram sobre várias questões das relações humanas que aprendemos na viagem – que é uma experiência do Estudo do Meio tão importante quanto o conteúdo em si”, diz José Enrique.
No último dia, teve mergulho no costão rochoso para exploração e observação dos seres e também brincadeiras. Depois do almoço, a turma embarcou de volta para a Escola Granja Viana. Mas os trabalhos não param por aí. De acordo com o coordenador, os alunos já começaram a organizar e a apresentar os registros colhidos durante o Estudo do Meio aos professores. “Ao todo, é um projeto que dura dois meses de trabalho, com várias disciplinas interligadas”.
Ainda assim, o resultado da viagem não poderia ter sido melhor. “Logo no retorno, conversei com eles”, comenta o professor. “A primeira coisa que percebi foi uma alegria muito grande em superar os desafios que encontraram. Também houve a questão da saudade de casa, que foi um desafio bastante particular. Nesse sentido, os professores Breno Guimarães, de Ciências, e Yone Maccarini, do corpo diretivo da escola, ajudaram bastante aqueles que os procuravam para desabafar. O acompanhamento dos biólogos e da especialista em escalada durante os trabalhos foi fundamental para os alunos. Enfim, foi uma viagem tranquila, sem incidentes e de muito aprendizado para todo mundo”.
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